Os eventos adversos causados durante a assistência médica provocam mortalidade e morbidade significativas, e continuam sendo um importante problema de saúde pública.
Medicação sem danos foi o terceiro desafio global de segurança do paciente da Organização Mundial da Saúde (OMS), e os erros de medicação, os quais referem-se a erros na prescrição, dispensação e administração de medicamentos, são responsáveis por pelo menos uma morte todos os dias, e prejudicam 1,3 milhão de pessoas anualmente apenas nos Estados Unidos.
Os erros de medicação podem causar danos físicos e psicológicos aos pacientes, sofrimento psicológico aos profissionais de saúde e encargos fiscais aos serviços de saúde. Nos EUA, o custo associado a erros de medicação é de US$ 42 bilhões por ano.
Uma das melhores maneiras de reduzir o risco de um erro de medicação é o desenvolvimento de estratégias, planos e ferramentas para garantir a segurança destes pacientes.
O que são erros de medicação?
O erro de medicação é definido como qualquer evento evitável que pode causar ou levar ao uso inadequado de medicamento ou dano ao paciente enquanto o medicamento está sob o controle do profissional de saúde, paciente ou consumidor.
Os erros de medicação que causam danos são chamados de eventos adversos a medicamentos evitáveis. Se ocorreu um erro de medicação, mas não prejudicou ninguém, é chamado de evento adverso potencial do medicamento.
Erros de medicação podem ocorrer em todo o sistema de uso de medicamentos. Por exemplo, ao prescrever um medicamento, ao inserir informações em um sistema de computador, quando o medicamento está sendo preparado e dispensado, ou quando o medicamento é administrado ou tomado por um paciente.
Maneiras para a redução dos erros de medicação
As diretrizes de segurança para a redução dos erros de medicação envolvem o uso dos cinco certos: paciente certo, medicamento certo, dose certa, via certa e hora certa.
Apesar destas diretrizes terem evoluído nos últimos 50 anos, evidências mundiais demonstram não haver um procedimento operacional padrão para administração de medicamentos, e desta maneira, a medição e a comunicação de tais erros ainda não são confiáveis.
1. A implementação de programas que possam detectar e prevenir erros
A implementação de programas que possam detectar e prevenir erros pode ter um impacto positivo, e desta maneira, muitas ferramentas foram desenvolvidas, entre as quais ferramentas explícitas.
Como exemplo de ferramentas explícitas têm-se as ferramentas de Triagem de Prescrições Potencialmente Inapropriadas do Idoso (STOPP – Screening Tool of Older Persons’ Prescriptions) e a Triagem de Alerta Médico ao Tratamento Certo (START- Screening Tool to Alert Doctors to Right Treatment), capazes de rastrear a prescrição potencialmente inapropriada nesta população, que se encontra em ambientes de cuidados específicos. Essas ferramentas utilizam critérios simples, rápidos de aplicar e com objetivos explícitos usados para avaliar a adequação dos medicamentos.
2. Ferramentas para avaliar a qualidade da prescrição em idosos
A prescrição para idosos é um processo complexo. Os adultos mais velhos são mais propensos a problemas relacionados a fármacos, pois a maioria está tomando vários medicamentos para múltiplas comorbidades, sua fisiologia difere da de um adulto jovem e doses normais de medicamentos recomendadas para adultos saudáveis podem não ser apropriadas para eles.
Também, pacientes mais velhos são frequentemente excluídos dos testes de medicamentos pré-comercialização devido a considerações éticas ou alterações fisiológicas relacionadas à idade, e que afetam a farmacocinética e a farmacodinâmica das drogas. Assim, a categoria de idosos é um grupo especial em nossa sociedade que requer acompanhamento e apoio contínuos em seus medicamentos.
Utilizando principalmente os critérios START-STOPP para avaliar as prescrições dos pacientes, um estudo, publicado na revista Eur J Hosp Pharm, em 2018, analisou a aplicabilidade destes critérios como ferramenta para identificar pacientes com medicamentos potencialmente inapropriados durante a validação farmacêutica de prescrições em um hospital de longa permanência.
Neste estudo, os autores relataram que a aplicação de tais critérios STOPP/START foram úteis para reduzir a prescrição inadequada durante o processo de validação farmacêutica.
Em contraste, a incorporação rotineira dos critérios START na validação farmacêutica pode não ser necessária em um hospital desse tipo. As avaliações desta ferramenta START ainda são limitadas e, mais estudos são necessários para melhor caracterizar o impacto clínico e econômico dela, em populações com outras faixas etárias.
3. Ferramenta Carefy
Dentre as ferramentas de qualidade podemos citar o software Carefy. A ferramenta possui informações pertinentes sobre cada paciente que está sob cuidados do hospital, com essas informações os profissionais conseguem realizar a conferência do que qual medicação está sendo usada no paciente, dessa maneira é evitada significativamente os erros relacionados à medicação.
A ferramenta não se limita apenas a um software para computadores, mas também possui sua versão mobile, simplificando e agilizando o conferimento de informações relacionadas ao paciente, podendo ver sua situação diretamente à beira leito.
Como as ferramentas de qualidade podem afetar as instituições de saúde
O uso destas ferramentas de qualidade, com o desenvolvimento de registros eletrônicos de saúde, bancos de dados administrativos e entrada de pedidos assistida por computador, pode oferecer uma integração confiável, com potencial de otimização do atendimento com despesas e esforços razoáveis e sustentáveis.
Tais ferramentas de qualidade também podem impactar os eventos adversos graves nas glosas hospitalares, contribuindo para a sua diminuição. As glosas hospitalares são definidas como o não pagamento pela operadora de saúde de procedimentos hospitalares, valores dos serviços prestados, materiais, medicamentos, entre outros.
Em última análise, as ferramentas de qualidade em saúde, e neste caso, aquelas relacionadas aos eventos adversos aos medicamentos, podem afetar positivamente os serviços centrados nos pacientes de populações vulneráveis, assim como também pode ser informatizado e aplicado facilmente a um grande banco de dados.
A In Situ é uma startup de base tecnológica da área da saúde, que utiliza a terapia celular como ferramenta para a criação de produtos inovadores com foco na cicatrização de tecidos.